quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Confissão

No silêncio pesado do caminho,
ouviu-se um passo, cadenciado
na firmeza das horas decisivas.

A sentinela bradou:-
-Quem vem lá?

O Homem podia ter respondido
qualquer coisa parecida
com: «Gente de Paz!...»

Mas não....
Onde a paz,
se no seu peito
ardiam agonias enraivadas,
se nos seus olhos boiavam
visões de fogo e de morte,
e as suas mãos
(Ó belas, generosas mãos!)
vinham ainda tintas
de sangue dos camaradas?...

Não trocou portanto as falas.
Respondeu simplesmante, sombriamente:

--EU!

E a sentinela,
varou-o com três balas.

Lisboa, Maio, 1949 Alda Lara.

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