quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Verdade, a Mentira, e as meias-verdades!

O público não se preocupa muito com a verdade, mas com a mentira que mais lhe interessa.

Além do mais, a verdade, sobretudo quando versa aspectos sociais, é mais profunda e complicada. Ora, o público não compreende coisas muito profundas, ou não tem paciência ou/nem disponibilidade para tal.

Complexa e difícil é já a vida de cada dia. Para quê preocupar-se então em puxar pela cabeça e procurar distinguir a verdade da mentira?

É então necessário oferecer-lhe tão-somente ideias simples, generalidades vagas, isto é: mentiras, ainda que partindo de verdades; pois, dar como simples o que é complexo, dar sem distinção o que cumpre distinguir; ser geral onde importa particularizar para definir, e ser vago em matéria onde o que deveria valer seria a precisão, tudo isso é um passo para a mentira.

Por outro lado, o ritual judiciário comporta momentos de luz e momentos de sombra: enquanto, no inquérito, é o segredo que prevalece, já o julgamento exige claridade e transparência.

Não obstante, o mais das vezes, não é o julgamento que atrai a atenção das massas, mormente os meios de comunicação social. É antes o inquérito que desperta as atenções e produz os títulos de caixa alta.

É na zona de sombra do processo que os mediadores entre a Justiça e o público, os jornalistas e, nomeadamente, os chamados jornalistas de investigação, entram sem estarem autorizados e desvendam (muitas vezes à custa da corrupção) segredos mal guardados, que alguns vendem ao melhor preço.

É desta fase processual que se extraem as hipotéticas indignidades escondidas, as baixezas inimagináveis, amarrando-se o imputado, o suspeito, ao mais moderno e não menos cruel dos pelourinhos. É aqui, muitas vezes, que se julga em definitivo, sem direitos nem garantias de defesa, por interposto jornal ou canal de televisão.

Quando o processo chega ao julgamento e a Justiça, pretensamente, se ilumina, vai longe a curiosidade do público, se não mesmo o seu interesse e a sua preocupação pelo desfecho do processo. Esse mesmo público já pronunciou a sua sentença, segundo os seus padrões pouco rigorosos em pretender descobrir a verdade e só a verdade!

Sem comentários:

Enviar um comentário