Em 1814, Napoleão Bonaparte abdicou do trono e exilou-se na ilha de Elba, onde se demorou pouco tempo, pois, um ano depois, resolveria regressar a Paris, provocando a fuga de Luís XVIII.
Para sua desdita, governaria durante apenas mais cem dias, até à batalha de Waterloo, que perderia ingloriamente.
O seu regresso a Paris, depois do exílio, foi fartamente noticiado em todos os jornais, mormente nas páginas do "Le Moniteur", num exercício patético do pior que pode haver em jornalismo, a exemplo do que se lê por aí quase todos os dias.
Atente-se nas peregrinas parangonas do referido jornal, desde o dia em que Napoleão deixou a Ilha até à sua chegada a Paris!:
09 de Março: "O monstro escapou do seu lugar de desterro."
10 de Março: "O ogre corso desembarcou em Cap Jean"
11 de Março: "O tigre foi visto em Gap. Estão a avançar tropas de todos os lados para deter a sua marcha. Terminará a sua miserável aventura como um delinquente nas montanhas."
12 de Março: "O monstro avançou até Grenoble"
13 de Março: "O tirano está em Lião. Todos estão aterrorizados pelo seu aparecimento."
18 de Março: "O usurpador ousou aproximar-se até 60 horas de marcha da capital."
19 de Março: "Bonaparte avança em marcha forçada, mas é impossível que chegue a Paris."
20 de Março: "Napoleão chega amanhã às muralhas de Paris."
21 de Março: "O imperador Napoleão acha-se em Fontainebleau."
22 de Março: "Ontem à tarde, Sua Majestade fez a sua entrada pública nas Tulherias. Nada pode exceder o regozijo universal."
Obs: Perante esta preciosidade de jornalismo, para quê mais comentários!...
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